segunda-feira, março 02, 2009

HÁBITOS ANTIGOS


Recebi uma remessa de livros de uma editora pelo correio. Ao observar o envelope verifiquei a quantidade de selos nele colada o que me pareceu estranho, pois estou acostumada a receber outro tipo de correspondência comercial que não vem com selos.
Há muito que,para mim, escrever cartas está em desuso.Não faço idéia de quanto tempo faz que enviei uma carta para alguém. Ao contrário tenho uma amiga que não sabe se comunicar de outra forma, isto é , enviando cartas e também por telefone, é claro. Tem até dias que ela tira só para escrever cartas para os amigos e colocar a correspondência e as novidades em dia.Jogo com ela o que poderia se chamar de queda de braço, para ver se ela cede aos meus apelos e compra um computador. Mas, voltando aos selos – em número de cinco- o que achei curioso, além do baixo valor que especificavam , foram os motivos neles estampados. Três deles eram comemorativos aos 400 anos do Convento de Santo Antônio e alusivos ao Natal de 2008. Os outros dois, um alusivo à profissão de costureira e o outro contendo um trompete e dois estandartes com a flor- de- lis (o que me faz lembrar da França, reis, clarins, liberdade).
Não pude deixar de lembrar das antigas coleções, prática comum a uma determinada época, que passou por várias gerações : Selos, moedas, cédulas, figurinhas, cartões postais, papéis de balas, carteiras de cigarro, caixas de fósforo, chaveiros, lápis, canetas, calendários. Nas gerações mais próximas apareceram as coleções de papéis de carta decorados, latinhas de cerveja, canecos, ingressos de jogos de futebol (cartões magnetizados) cartões telefônicos e não imagino que outro tipo de coleção pode ter surgido ou se surgiu já que hoje tudo é tão rápido, descartável e tão ligado à tecnologia que não há espaço para este tipo de hobby ou entretenimento.
Confesso que tive várias delas, em fases diferentes,sempre, é claro estimulada por minha mãe. Entre elas, as de lápis, de chaveiros, posteriormente, de postais, de calendários, de cédulas, de moedas, de cartões com mensagens. Cheguei a tentar uma coleção de selos estimulada por meu padrinho que era colecionador e cuja coleção, mais tarde foi vendida.
Cheguei a pensar em guardar os selos, por impulso, depois me dei conta que vivo falando das coisas que guardamos em excesso, da quantidade de informação diária que recebemos e que necessariamente não se transformam em conhecimento, da obsessão que é ter, juntar sem saber que utilidade daremos para tudo que temos.
Nas pequenas coisas temos que exercitar o desapego que confesso é uma das dificuldades que enfrento, com relação a mim mesma e meus familiares. No momento tento convencer meu marido a doar uma pequena coleção de discos de vinil e de fita cassete sem sucesso.
De qualquer forma, a visão dos selos, serviu para recordar épocas passadas outros hábitos, e viajar no túnel do tempo.
imagem:http://www.permutalivre.com.br/
Publicado no site:http://icsvargas.bloguepessoal.com/
Data:2009.03.03
Publicado no site:http://www.olhasoaqui.com/
Data:2009.03.03
Publicado no Diário da Manhã-Pelotas-RS
Data:2009.03.06
Publicado no site:http://www.wmulher.com.br/
Data:2009.03.10
Publicado no site:http://www.gostodeler.com.br/
Data:2009.03.13
Publicado no site:www.recantodasletras.com.br
Data:2012.01.23

FAZENDO AS CONTAS



Embora alguns generosos amigos me cobrem por estar enviando menos textos para o jornal, e me peçam para escrever sobre determinados assuntos e saiba que ninguém é dono da palavra, por isto nos deparamos com textos que falam coisas que gostaríamos de ter dito, outras que já dissemos , assim como algumas vezes repetimos o que já foi dito, numa intertextualidade saudável, digo-lhes que escrever decorre da necessidade, dos fatos, do prazer, da alegria, da tristeza, da resignação, da vontade de elucidar certos fatos. Ás vezes, da revolta, também.
Pois estas palavras saem de um misto de sentimentos, entre eles, a perplexidade.
Estranhamente, isto faz com que sejamos repetitivos. Já perdi a conta das vezes que falei da necessidade das pessoas terem um salário digno, justo. Do quanto acredito que o estudo seja o meio mais legítimo de ascensão social, devendo ser exigência para todos os cargos do executivo e do legislativo, de que o estudo assim como outros direitos básicos são garantidos pela constituição.
Mas, não podemos ignorar, o número de desempregados aumentou;
Os salários são defasados;
O número de vagas nas escolas públicas é insuficiente;
Muitas pessoas fazem um sacrifício imenso para colocar os filhos nas escolas particulares;
Os vilões nas escolas não são os professores, mas um sistema que ao longo dos anos diminuiu os salários numa ação cruel que além de restringir o poder aquisitivo, tentou confiscar a dignidade de uma classe, (na qual me incluo, pelos 06 anos em que exerci o magistério);
A crise econômica atingiu setores como o da extração mineral; indústria metalúrgica; mecânica; material elétrico e comunicação; transporte; madeira e mobiliário; de papel, papelão e editoração; borracha, fumo e couros; química e farmacêutica; têxtil e de vestuário; calçados; produtos alimentícios e bebidas; de utilidade pública; construção civil; comércio varejista e atacadista; o das instituições financeiras; ensino; agricultura; e o de alguns setores de serviços; (Pergunto: quem não foi atingido, então, no setor privado?).
Pois bem, com tudo isso, baseado no que constatei ontem, pergunto como um pai ou uma mãe (muitos, inclusive com curso superior e atividade autônoma) vai manter um filho em uma escola particular com o custo do material escolar?
Tenho uma neta que vai cursar a quinta série de uma escola particular. O nome da escola não é o que interessa, pois elas (as escolas) em geral adotam livros e materiais semelhantes, mas o valor de tal material é que me parece exorbitante. Sei que a escolha dos livros é feita pelos professores que os avaliam, mas será que não há como escolher outros e com isto forçar a diminuição dos valores e desonerar os bolsos dos pais sacrificados?
O total de material de minha neta importa em R$428, 00, os livros e R$ 199,00 o restante (folhas, caneta, cadernos, lápis, dicionário inglês, dicionário de espanhol, pasta para folhas, corretivo, etc.).
Parece-me absurdo que uma família tenha que despender este valor, RS 627,00 para uma criança estudar na quinta série. E os que têm mais de um filho? Há que se levar em conta o restante de material solicitado ao longo do ano, o uniforme, os passeios.
Tento incentivar, nem sempre com sucesso, o reaproveitamento do material disponível, mas o apelo ou estratégia das indústrias de material escolar é muito grande, pois os mesmos são variados, chamativos, coloridos bem ao gosto da clientela que vai utilizar, não da que vai pagar.


Data:2009.03.03
Publicado no site:http://www.olhasoaqui.com/
Data:2009.03.03
Publicado no site:http://www.wmulher.com.br/
Data:2009.03.16
Publicado no Diário da Manhã-Pelotas-RS
Data:2009.04.28
Publicado no site:http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/3510660
Data:2012.02.21

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